Quando digo que tenho histórias das mais variadas e
insólitas para contar das minhas imensas viagens a casa, ninguém acredita, mas
garanto-vos que esta é mais uma preciosidade, de um amor tão sincero e genuíno
que só um verdadeiro português saberá do que estou a falar.
Já tive desde conversas a boas conversas, a
partilha de histórias de vida como partilha de queijo com chouriço cortados com um canivete, numa carruagem de comboio. Enfim uma
panóplia de sentimentos recíprocos que faz tornar este caminho de ferro menos solitário.
Esta história começou mal para mim, como tantas outras, em
comboios intercidades. Estavam as carruagens todas a abanar, a velhota da
frente sempre desconfortável a abanar a cadeira da frente, o miúdo ao lado a
abanar o pé a ouvir música aos gritos nos auriculares, o casal de namorados a
abanar saquetas de bolachas para lá e para cá e eu sem conseguir ter um sono
pleno e descansado como merecia, dadas as horas da viagem! Eis que mais uma
conversa de telemóvel se intromete no meu cantinho. O do rapaz do banco de
trás. Tinha uma voz radiofónica e falava relativamente alto como se de um homem
apaixonado se tratasse e quisesse exibir ao mundo uma das mais belas histórias de amor
ouvidas numa viagem de comboio.
“Amor, já acordaste? Descansaste mais um pouco? Não tens
nada para me dizer?“ Dizia ele perplexo, porque a namorada como boa mulher que
é devia ter visto a surpresa e ficado encantada e apaixonada e tudo e tudo e
tudo...
Mas, nada...
“Foste à casa de banho? Não viste nada?”
“Foste à casa de banho e não viste nada? Como é que é
possível?”
Dizia ele já em tom de pânico e espantado com a quantidade
de remelas que a namorada devia ter nos olhos para lhe toldarem de tal maneira
a visão.
“Eu fiz-te um coração com o meu halibut no espelho da casa
de banho, como é que tu não viste?”
“Não lavaste a cara? Foste mijar de olhos fechados?”
“És cá uma porca, como é que é possível não teres visto o
coração que fiz com o meu halibut? E agora? Não o limpaste, o que é que o meu
colega de casa vai dizer daquilo tudo cagado?”
“Tu não és nada asseada, nem a cara lavaste? É o mínimo...
Tomar banho já imaginava que não o fosses fazer, mas a cara? Toda a gente lava
a cara minha porca. Estou-te a imaginar neste momento numa pocilga...” (imita um som de um porquinho fofinho)
“Bem que estava a achar estranho não me teres dito nada, mas
imaginei que era impossível não veres um coração gigante feito com o meu
halibut, és mesmo uma despassarada!”
“Sim, logo tiro fotografia e envio-te, não faz mal de não
teres limpo o espelho. Obrigada pela visita e espero que te animes, era o
objectivo do coração”...
(Mas como és uma porca despassarada, não sei se o halibut
teve o efeito desejado.)
(aguento ferozmente uma gargalhada)
The End
Princesa Boémia
que é issoooooooooooooooooo
ResponderEliminarMARAVILHOSOOOOOOOOO
LOLOOLOLO
(halibut :X)