domingo, 22 de maio de 2016

Histórias em viagem parte 1

Quando digo que tenho histórias das mais variadas e insólitas para contar das minhas imensas viagens a casa, ninguém acredita, mas garanto-vos que esta é mais uma preciosidade, de um amor tão sincero e genuíno que só um verdadeiro português saberá do que estou a falar.  
Já tive desde conversas a boas conversas, a partilha de histórias de vida como partilha de queijo com chouriço cortados com um canivete, numa carruagem de comboio. Enfim uma panóplia de sentimentos recíprocos que faz tornar este caminho de ferro menos solitário.
Esta história começou mal para mim, como tantas outras, em comboios intercidades. Estavam as carruagens todas a abanar, a velhota da frente sempre desconfortável a abanar a cadeira da frente, o miúdo ao lado a abanar o pé a ouvir música aos gritos nos auriculares, o casal de namorados a abanar saquetas de bolachas para lá e para cá e eu sem conseguir ter um sono pleno e descansado como merecia, dadas as horas da viagem! Eis que mais uma conversa de telemóvel se intromete no meu cantinho. O do rapaz do banco de trás. Tinha uma voz radiofónica e falava relativamente alto como se de um homem apaixonado se tratasse e quisesse exibir ao mundo uma das mais belas histórias de amor ouvidas numa viagem de comboio.
“Amor, já acordaste? Descansaste mais um pouco? Não tens nada para me dizer?“ Dizia ele perplexo, porque a namorada como boa mulher que é devia ter visto a surpresa e ficado encantada e apaixonada e tudo e tudo e tudo...
Mas, nada...
“Foste à casa de banho? Não viste nada?”
“Foste à casa de banho e não viste nada? Como é que é possível?”
Dizia ele já em tom de pânico e espantado com a quantidade de remelas que a namorada devia ter nos olhos para lhe toldarem de tal maneira a visão.
“Eu fiz-te um coração com o meu halibut no espelho da casa de banho, como é que tu não viste?”
“Não lavaste a cara? Foste mijar de olhos fechados?”
“És cá uma porca, como é que é possível não teres visto o coração que fiz com o meu halibut? E agora? Não o limpaste, o que é que o meu colega de casa vai dizer daquilo tudo cagado?”
“Tu não és nada asseada, nem a cara lavaste? É o mínimo... Tomar banho já imaginava que não o fosses fazer, mas a cara? Toda a gente lava a cara minha porca. Estou-te a imaginar neste momento numa pocilga...” (imita um som de um porquinho fofinho)
“Bem que estava a achar estranho não me teres dito nada, mas imaginei que era impossível não veres um coração gigante feito com o meu halibut, és mesmo uma despassarada!”
“Sim, logo tiro fotografia e envio-te, não faz mal de não teres limpo o espelho. Obrigada pela visita e espero que te animes, era o objectivo do coração”...
(Mas como és uma porca despassarada, não sei se o halibut teve o efeito desejado.)

(aguento ferozmente uma gargalhada)

The End


Princesa Boémia

1 comentário:

  1. que é issoooooooooooooooooo
    MARAVILHOSOOOOOOOOO
    LOLOOLOLO
    (halibut :X)

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