Já dizia outrora o grande Rui Veloso, que não se ama alguém que não ouve a mesma canção. No entanto a história comigo foi outra e sem dúvida que um dos meus requisitos básicos para um homem ideal é partilhar o gosto que tenho pelos filmes.
Como tal, e não sendo nadinhaaaaa tendenciosa, pedi ao maior especialista da sétima arte que conheço para me comentar os filmes nomeados para os Óscares.
É sem dúvida uma das melhores noites do ano para se estar agarrado à televisão.
Mas nunca esquecendo que os filmes da vida real que terminam com o, viveram felizes para sempre, são sempre os melhores! :)
Princesa Boémia
Princesa Boémia
E é chegada a altura dos óscares! Uma cerimónia que serve
para celebrar o que de melhor se fez em Hollywood (mas não só) e que tem uma
quota parte de prestígio para quem o recebe. No entanto a “vida” não acaba
quando não se ganha, aliás bem pelo contrário e existem numerosos casos em que
o facto de não terem ganho criou uma espécie de mito em volta desse filme, actor/actriz
ou realizador. É o caso do muito conhecido Leonardo DiCpario (provavelmente
acaba a seca este ano), mas também é o caso de filmes como Taxi Driver, The
Network, ou realizadores como Alfred
Hitchcock ou Stanley Kubrick.
No entanto este ano não é particularmente um grande ano para
a produção cinematográfica em Hollywood e podemos constatar isso nos nomeados.
Ainda assim há a destacar uma rara diversidade em todos os filmes que estão
nomeados, que vão desde do drama histórico, às histórias baseadas em
factos/pessoas reais, ou( finalmente) um filme de acção, esse género a par da
comédia tão menosprezado quando se fala nesta altura de prémios.
Todos os anos tento acompanhar muito de perto a cerimónia e
tento ver ao máximo todos os filme que consiga para ter um feedback e poder
“opinar” sobre eles, não para reclamar sobre a “justiça” dos vencedores ou
vencidos mas porque adoro cinema. Começando pela lista dos filmes nomeados
encontra-se para mim a maior surpresa do ano: Mad Max- Estrada da Fúria. Acompanhando relativamente de perto a
actualidade do cinema, deparei-me com as listas anuais de melhores filmes tanto
pela revista Sight and Sound ou a
Cahiers du Cinema, qual não é o meu espanto que encontro lá o Mad Max. Achei
curioso e fui vê-lo, resultado, um filme muito interessante, muito intenso, bem
realizado( Cuidado Inarritu, George Miller pode estragar-te a festa), uma
fotografia brilhante, personagens cativantes, apenas peca pelo argumento algo flat, ou básico se preferirem. No
entanto posso afirmar com coragem que é provavelmente o melhor filme de acção
desde Terminator 2( já é um grande elogio). Percorrendo a nossa lista
encontramos A Queda de Wall Street, um filme que aborda o começo da crise
financeira que afectou o mercado imobiliário dos EUA e consequentemente o resto
do mundo. Um filme competente, com boas interpretações( não havia espaço para
todos na categoria de melhor actor, mas Steve Carell merecia), um argumento bem
estruturado(apesar de confuso devido aos termos técnicos que utiliza) no
entanto não deslumbra e apenas impressiona pela passividade com que se tratou
uma questão tão sensível.
Para mim o grande intruso desta lista é o filme Perdido em Marte, um filme tipicamente
de Hollywood, com clichés vários, um argumento banal e que torna o filme
esquecível e pouco memorável. A juntar à festa uma interpretação medíocre de
Matt Damon( não me convence sinceramente). Conclusão:um fiasco de filme. A este junta-se o filme de Spielberg Bridge os Spies, um filme de espiões em
plena guerra fria( tema muito batido), em que um advogado é incumbido de
negociar com os russos uma troca de prisioneiros. Um thriller misturado com
suspense, mas que não encanta nem faz com que nos importemos com as
personagens. Onde anda a astúcia e o arrojo de Spielberg?
Brooklyn, um drama de época em que uma imigrante irlandesa
muda-se para os Estados Unidos e apaixona-se por um rapaz. A história depois
centra-se na escolha entre a família que ficou na Europa ou o amor que fica na
terra do tio Sam. Um filme em que apenas se destaca Saoirse Ronan com uma
interpretação muito boa. Por último deixei para o fim os 3 filmes mais
polarizadores desta lista. Primeiro Room,
do mesmo realizador de Frank, Leonard
Abrahamson, um filme que filme o cativeiro e posterior fuga e adaptação ao
mundo exterior de uma criança e mãe que foram raptadas e mantidas fechadas numa
casa durante 7 anos. Um filme muito bom, com interpretações brilhantes de Brie
Larson( provável vencedora na categoria de melhor actriz) e Jacob Trembley, um
actor de palmo e meio que carrega o filme às costas com a sua interpretação do
rapaz que nasce no quarto e que nunca conheceu o mundo exterior. Um filme
independente que tem muito mérito em como consegue cativar o espectador com uma
história muito simples. The Spotlight,
um filme muito controverso pelo tema que aborda( abusos sexuais por parte da
igreja católica durante décadas na cidade de Boston) e que se centra numa
equipa de jornalistas de investigação do Boston Globe que descobriram e
tornaram públicos estes casos, e que envolvia as mais altas patentes da igreja
católica naquele estado. Esse trabalho de investigação magnífico valeu-lhes um
prémio pulitzer. Fazendo aqui uma declaração de interesses, este é o meu filme
favorito desta lista. Um filme que tem um argumento muito sólido, não tem uma
interpretação acima da média mas talvez seja isso que funciona tão bem, porque
é uma equipa de jornalistas onde todos dão o seu contributo e todos estão muito
competentes (Liev Schreiber e Michale Keaton principalmente). O melhor filme
sobre jornalismo de investigação desde Os
Homens do Presidente, e que sem dúvida para mim merece o óscar de melhor
filme. No entanto provavelmente perderá para The Revenant, um filme sobre a jornada de sacrifício de Hugh Glass
(DiCaprio) em busca de vingança sobre o homem que matou o seu filho. Um filme
que tecnicamente é soberbo, com uma fotografia magnífica(tudo filme em luz
natural), realização muito boa e uma interpretação de grande nível de Leonardo
DiCaprio , e que provavelmente lhe valerá o óscar de melhor actor, o meu
favorito é outro (Michael Fassbender). Aquilo que distingue este filme de Spotlight é o argumento, porque ele é a
coluna vertebral do filme, e partilhando da opinião de outras pessoas, em que
um filme é uma soma de várias partes incluindo realização, actores, argumento,
fotografia etc, também é verdade que a diferença desses tópicos entre os dois
filmes é menor do que a diferença do que ao argumento diz respeito, e por isso
a minha escolha vai para The Spotlight.
Por, fim vou tentar prever os resultados finais de domingo( não os meus
favoritos):
Melhor Filme: The Revenant
Melhor actriz: Brie Larson
Melhor actor: Leonardo DiCaprio
Melhor actriz secundária: Alicia Vikander
Melhor actor secundário: Mark Rylance (Go Stallone!)
Melhor realizador: Alejandro G.Inarritu
Melhor argumento Adaptado: A queda de Wall Street
Melhor argumento original: Spotlight
Melhor filme estrangeiro: Saul Fia (Hungria)
Melhor filme de animação: Inside Out (Vejam Anomalisa!)
Melhor fotografia: Emmanuel Lubezki(The Revenant)
Boa cerimónia para todos! E bons filmes.